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11 setembro, 2016

Parabéns Avô


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Se o meu avô ainda cá estivesse faria hoje oitenta e um anos. E seriam oitenta e um anos de uma vida preenchida de afectos e amor. E eu poderia oferecer-lhe uma camisa, ou um lenço de bolso, ou um simples ramo de flores apanhadas à revelia nos canteiros lá de casa, ou mesmo um simples desenho borratado a aguarela em que exprimia todo o amor que por ele sinto. Infelizmente, já não lhe posso dar nada disso. Posso, apenas, refugiar-me na saudade e na doce recordação dos momentos que passámos juntos. Resta-me a certeza de que fui uma neta muito feliz e de que o meu avô foi um avô muito feliz. Tanto aprendi com ele. Quem me dera ter metade da bondade e generosidade do meu avô. Quem me dera ter a sua capacidade de simplificar, de fazer da vida algo maravilhoso e viver como se cada dia fosse o último. O meu avô viveu cada dia como se fosse o último. Não deixou nada por fazer. Foi feliz. Foi imensamente feliz. Tenho a certeza. E fez-nos tão felizes. Quando me sinto triste e com vontade de desistir de tudo, lembro-me do olhar azul [o olhar azul mais bonito que eu já vi] e do sorriso franco do meu avô e quase que lhe adivinho as palavras "Não tenhas medo Ninita, tu és capaz!". Se o meu avô ainda cá estivesse faria hoje oitenta e um anos. Todos os dias lhe sinto a falta. Todos os dias sou grata por ter tido o privilégio de ser sua neta.

26 julho, 2016

Aquele amor doce e infinito


Tenho uma saudade infinita dos meus avós. Quando me refiro aos meus avós, falo em especial dos meus avós maternos. Não que não sentisse carinho pelos meus avós paternos, mas foi com os meus avós maternos que cresci, foram eles que estiveram sempre presentes, que me deram amor e mimos [por vezes em demasia].

Fui a primeira neta e, durante alguns anos, neta única. Era a princesinha lá de casa e ai de quem fizesse mal à menina. Cresci no meio de um amor doce e infinito, rodeada de afecto e mimos. A minha avó tinha sempre um colo protector que me livrava de umas quantas palmadas quando, não raras vezes, me portava mal. O meu avô era a pessoa mais doce do mundo, com um coração do tamanho do universo e com uma bondade reflectida no olhar azul mais bonito que eu já vi. Fazia birras enormes sempre que o via sair para trabalhar ou para ir ao café. Agarrava-me às suas pernas e chorava desalmadamente, só calando o meu pranto perante a promessa [sempre cumprida] de não demorar e de, na volta, trazer os bolsos cheios de rebuçados. A minha avó costumava dizer que 'ser avó era ser mãe a dobrar, com a benesse de não ter de castigar e de poder dar mimos em excesso'. O meu avô deixava-me brincar no jardim enquanto me ensinava a amar e respeitar a natureza e os animais [a minha loucura por cães e gatos e animais em geral vem daí]. Os meus avós eram pessoas fantásticas. Sou suspeita, mas é verdade. Lutaram muito para conseguir dar uma vida confortável aos filhos. Ajudaram muita gente que a eles recorria em momentos de aflição. Tinham sempre as portas de casa e o coração aberto para mais um. Os meus avós são responsáveis pela pessoa que sou hoje. A minha avó ensinou-me a ser ponderada, persistente e a não me deixar massacrar por ninguém. O meu avô ensinou-me a sonhar e a acreditar que há sempre dias de sol radiante após dias de chuva e tempestade.

Não há um dia, um só dia, em que não lhes sinta a falta. Não há um dia, um só dia, em que não desejasse tê-los comigo para que pudessem ver a mulher em que me tornei e para poder continuar a ter no seu abraço o conforto e as certezas que, por vezes, me faltam. No entanto, sei que eles continuam presentes. São as estrelas do céu que me iluminam na noite escura. São a tranquilidade que me apazigua o coração em dias de tempestade. São aquele amor doce e infinito que perdura na minha alma e que vai além da saudade. Os meus avós eram, e continuam a ser, os melhores do mundo, a minha inspiração, a minha protecção.