Um balde de realidade

[Imagem retirada daqui]

Tento ter uma visão optimista das coisas. Ver o lado positivo. Enfrentar as adversidades com um sorriso. Nos últimos tempos, tenho tentado tornar-me numa pessoa mais serena e equilibrada. E lá vou conseguindo, com muita dedicação e vontade. No entanto, há dias em que este meu mundo não é tão cor-de-rosa, nem tão adornado de purpurinas como eu idealizo ou gostaria. Há dias, momentos, em que um espelho retrovisor reflecte, de mansinho, a realidade além das janelas com paisagens bonitas. São dias, momentos, em que percebo que o tempo é mais veloz do que um velocista olímpico; que na minha vida têm entrado e saído pessoas como se a mesma fosse uma sala de espera de um qualquer consultório; que, por mais que tente e me esforce, não posso inventar emoções e sentimentos em relação a coisas pelas quais nada sinto. São momentos crus e cinzentos, um balde de realidade que me encharca a alma e me deixa cheia de frio e de medo. E eu não gosto nada de sentir frio nem medo, fico ansiosa e, a partir daí, é sempre a descer. Encarar essa realidade não filtrada faz-me perceber o que, no fundo, eu já percebera. É só a confirmação. Uma confirmação carregada de vazio. E eu não quero mais vazios na minha vida. Quero apenas telas coloridas. E paz de espírito. E continuar a sonhar com o dia em que terei um casa pequenina e simples com vista sobre o rio, onde passarei os dias a escrever romances (ou até livros de auto-ajuda, não importa) e a ser feliz de verdade. No fundo, é só isso que eu quero. Ser feliz. De verdade.

(Talvez não seja má ideia começar a jogar assiduamente no euromilhões, a ver se o dinheiro e as contas para pagar deixam de ser motivo de tortura e sinónimo de frustração por ter de ser/fazer aquilo que não sou/gosto de verdade. Para bom entendedor, meia palavra basta.)