29 fevereiro, 2016

Saída de Emergência


Viver com ansiedade não é fácil. Dói. Incapacita. Paralisa. Como se, de repente, o nosso mundo se resumisse ao aperto no peito, à vontade de fugir sem saber bem para onde, mesmo não conseguindo mexer as pernas e sair do lugar. A ansiedade é um bicho tramado. Instala-se de mansinho, nem damos conta que ela está lá. Vai crescendo a pouco e pouco. Começa por se manifestar nas preocupações maiores, onde a sua presença até faz sentido. E, por ingenuamente acharmos que faz sentido, abrimos-lhe as portas, escancaramos a nossa vida e deixamos que ela se instale confortável e definitivamente. Com o passar do tempo, reparamos que ela já não é só uma convidada que aparece nos dias de maior tempestade, reparamos que ela se tornou na dona da casa, apoderou-se de cada bocadinho do nosso corpo. Começa, então, a manifestar-se nas situações mais banais e irrisórias, como um telefone que toca ou alguém que bate à porta. Faz-nos ter medo, pânico, um pânico tão grande que nos suga o ar e nos faz ter a sensação de que vamos morrer ali, afogados, torturados, esmagados por tamanho medo, por tamanha dor.

Viver com ansiedade não é fácil. É preciso pedir ajuda. É preciso enfrentar, fazer-lhe cara feia e mostrar quem manda. É um caminho longo. É uma luta diária e eterna. Creio que um ansioso nunca deixa de ser ansioso. Porém, podemos sempre aprender a controlar, a aumentar os dias em que estamos bem, a relativizar as coisas. No fundo, é viver um dia de cada vez, focando a atenção nas coisas boas, tentando não pensar no amanhã incerto, descobrindo momentos de paz onde possamos libertar os fantasmas que nos atormentam, encontrando uma saída de emergência, seja ela um lugar bonito, uma música calma, um momento meditativo ou um simples exercício de respiração. E sim, eu sei do que falo. Viver com ansiedade não é fácil, nada fácil. Mas é possível.

15 comentários:

  1. não é mesmo nada facil. como te compreendo. mas temos de dar a volta porque isso não é viver. é simplesmente deixar a vida passar ao nosso lado.
    beijinho!

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    1. Foi exactamente essa a ideia que eu tentei transmitir, que é possível continuar em frente e viver, mesmo com a ansiedade!

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  2. Não conheço esse tipo de ansiedade, que me parece (corrige-me se estou errada) uma coisa generalizada que se intromete e causa desconforto a todos os níveis da vida, mas conheço bem a ansiedade social. Foi um problema muito chato que se desenvolveu durante o meu mestrado (sempre fui tímida, mas nessa altura deixei mesmo de fazer coisas, como ir às aulas, por causa disso). Para teres noção, estive a uma unha negra de faltar à minha defesa de tese - na noite anterior deitei-me na cama e disse que não ia. Era uma coisa irracional, até já sabia que provavelmente teria vinte, mas não me conseguia obrigar a enfrentar a situação. Resolvi a questão com ansiolíticos e quem me visse no dia seguinte diria que eu era a pessoa mais confiante do mundo, porque no meu caso o que custa é ir, depois de estar na situação estou confortável. Neste momento nem sei como está esse meu problema, porque não tenho que estar nas situações que o despoletam...

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    1. Sim, de facto esse é um tipo de ansiedade muito mais específico. Do pouco que sei de psicologia, penso que o nome 'técnico' disso é fobia social (se bem que acho que fobia é um termo um pouco exagerado). Eu também já tive fases assim, mais quando andava na faculdade. A minha ansiedade tinha (e ainda tem) mais que ver com o controlo: quando estava perante situações que não conseguia controlar, entrava em pânico. Estive de tal forma 'mal' que não conseguia atender telefonemas pois pensava que era para me dar más notícias e quando alguém próximo ia fazer uma viagem ou assim eu ficava de tal forma ansiosa a pensar que algo de mal lhes podia acontecer que não conseguia comer nem dormir até saber que estava tudo bem. Foi uma fase muito complicada. Hoje em dia, depois de muita terapia (inclusive terapias complementares, como o Reiki) consegui melhorar bastante.

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  3. Eu costumo "brincar" e dizer que tenho uma Bicho estranho chamado de ansiedade. E como disseste, não é mesmo nada fácil viver com ansiedade, mas ela não pode ser mais forte que nós, temos que ter força suficiente para lhe gritar um Pára e sorrir, e viver

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    1. É mesmo isso, temos de aprender a controlar a ansiedade e a fazer-lhe frente!

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  4. Mais do que ser possível viver com ansiedade, é possível vencer a ansiedade :) Procura ajuda especializada e vais ver que consegues querida

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    1. Já procurei ajuda e foi o melhor que podia ter feito! Fiz muita terapia e agora estou bem melhor! Sei que a ansiedade não desapareceu, mas está controlada e isso já é bom!

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  5. Ansiedade é uma parte muito forte da minha vida. Vivo com distúrbio de ansiedade generalizada há muitos anos. Com o tempo vamos aprendendo a disfarçar mas dói muito. Esta semana receitaram-me uma medicação que me tira os sintoma físicos da ansiedade e tem sido bastante bom, não ter o coração sempre aos saltos é literalmente uma lufada de ar fresco, mesmo sabendo que a ansiedade continua lá. Temos de ser fortes todos os dias, mais fortes do que se imagina. Ansiedade é um distúrbio grave.

    http://venus-fleurs.blogspot.pt/

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    1. Espero mesmo que consigas melhorar ou, pelo menos, controlar. Neste momento estou mais controlada, mas continua a ser uma luta diária! Forcinha querida**

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  6. Não é mesmo nada fácil, e eu descobri isso com as aulas de condução, eu ficava doente só de pensar que tinha de ir e por isso chumbei e agora morro de medo de lá voltar, já estive quase com o exame marcado mas a minha ansiedade fez-me recuar e marca-lo para outra altura bem longe do agora, ando sempre a adiar isto...
    Beijinhos*

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    1. Espero mesmo que consigas combater esse medo minha querida... Não é nada fácil quando a ansiedade nos paralisa ou nos impede de fazer alguma coisa...

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  7. Tudo se consegue contornar e controlar, dizem que o primeiro passo é admitirmos que temos um problema, e depois lutar contra ele com toda a força do mundo :)

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  8. Bem o sei... Comecei a sofrer da sindrome do panico há 5 anos para cá e há alturas que são um tormento, mas desde que procurei ajuda na psicoterapia os ataques abrandaram muito! É preciso vomitar os medos mais insignificantes, porque é neles que residem o alimento para a ansiedade. Mas é isso que dizes, vive-se um dia de cada vez.

    beijinho
    www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt

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    1. Também procurei ajuda e foi a melhor coisa que fiz! A ansiedade vai perseguir-nos sempre, cabe-nos a nós desenvolver estratégias para a controlar! E é possível :) Beijinhos

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