Hoje já consegui sair de casa. Ainda não estou bem, de todo. Mas já não tenho febre, finalmente. Fui tomar um chá quentinho ao sítio do costume. E dei por mim a olhar as árvores ao longo do caminho. Despidas. Tão despidas. Prontas para, não tarda, voltarem a encher-se se folhas verdes e flores coloridas. E percebi que nós, humanos, não somos muito diferentes. Também nós, por vezes, precisamos de nos despir. Tirar as roupas velhas e gastas. Despir os sentimentos que já não fazem sentido. Deitar fora as mágoas do que já foi. Libertar as ânsias e os medos, os eternos sentimentos de culpa e as frustrações. Ficar a nu, sem mais nenhum artefacto. Para vestígios do que passou e nos doeu, bastam as cicatrizes. Para vestígios do que foi bom e nos acrescentou, já temos a memória. O resto, portanto, é acessório. Tal como as árvores que, após um ciclo, deixam cair por terra as folhas gastas, também nós, finda uma etapa da nossa vida, devemos libertar-nos da pele que já não nos serve. Tal como as árvores, que ficam apenas adornadas com a simplicidade dos seus ramos nus, também nós devemos mostrar apenas a nossa essência, aquilo que nos define. A seu tempo, outras folhas nascerão. Outras flores ganharão vida, colorindo o nosso corpo, a nossa alma, o nosso mundo. Tal como as árvores, que sabem esperar o tempo certo para florescer novamente, também nós devemos aprender a ter paciência e saber o momento exacto da renovação, do renascimento. A vida é feita de ciclos. Que saibamos acompanhá-los com sabedoria e serenidade. Tal como as árvores.
Estou numa fase dessas, de me despir.
ResponderEliminarainda bem que estás melhor :)
ResponderEliminarque ficas boa depressa :)
ResponderEliminarTudo ou muita coisas é feita de ciclos... como as árvores :)
Espero que tenhas rápidas melhoras!
ResponderEliminarComeço a ganhar novas folhas...e é tão bom!!
ResponderEliminarÉ isso mesmo :)
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