18 fevereiro, 2016

Com vinte e oito anos

(Foto de Richard Avedon)

Muitos me dizem que, com vinte e oito anos, eu já deveria ter muita coisa, ser muita coisa, fazer muita coisa. Que deveria estar casada, ou em vias de. Que já deveria ter filhos, ou estar em vias de. Que deveria ter um emprego estável. E uma casa só minha. E um carro melhor. E mais dinheiro na conta. E mais fatos de saia-casaco. E menos sonhos na cabeça. Já deveria ter juízo, segundo eles.

O certo é que, com vinte e oito anos, ainda não tenho muita coisa, nem sou muita coisa, nem faço muito coisa. Não estou casada, nem em vias de. Não tenho filhos, nem estou em vias de. Não tenho um emprego estável. Nem uma casa só minha. Continuo com o meu carro de sempre. A minha conta continua a ter pouco dinheiro. Continuo a gostar de vestir vestidos da natura e saias compridas com padrões. E continuo a ter muitos sonhos na cabeça.

Com vinte e oito anos posso ter pouco aos olhos dos outros. Mas, com vinte e oito anos, deixei de me preocupar tanto em ter e passei a preocupar-me mais em ser. Então, com vinte e oito anos posso dizer que, aos meus olhos, sou muito. Sou mais calma. Sou mais compassiva. Sou mais tolerante (comigo e com os outros). Sou mais serena. Sou mais confiante. Sou mais segura. Reaprendi a gostar de mim. Reaprendi a aceitar-me e a valorizar-me. Descobri um admirável mundo novo. Aprendi a ser grata. Percebi coisas que, até então, não me faziam sentido. Iniciei um longo caminho para casa, ao encontro da minha essência. Com vinte e oito anos posso não ter muito nem ser muito aos olhos dos outros. Posso não ser nem metade daquilo que idealizaram para mim. Mas uma coisa é certa, com vinte e oito anos sou feliz.

17 comentários:

  1. Ainda no outro dia o meu pai disse que "aos 50 anos esperava já ser avô". Pergunto-me como é que as pessoas pensam que estas coisas funcionam. Será que pensam mesmo que devemos estabelecer um prazo limite e quando este se aproxima fazer todas essas coisas - a casa, o carro, o casamento e os filhos - com o primeiro que aparecer? Honestamente, acho que quem encontra a sua alma-gémea logo aos 18 anos tem muita sorte, e invejo-os. Eu também gostava, mas nós não decidimos estas coisas. E olha, temos muita sorte em termos nascido nesta época. As minhas duas avós casaram muito jovens - uma aos 16 e a outra pouco depois. Uma delas viveu e ainda vive uma vida feliz, a outra foi traída a vida toda e agredida durante a juventude. Conhecendo-a como a conheço, sei que se tivesse nascido na nossa geração não teria casado tão cedo nem se teria sujeitado aos horrores que passou. Que se lixe quem acha que aos 28 deverias ter uma vida diferente, felizmente nasceste no tempo da livre escolha :)

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  2. E o que realmente importa e que es feliz :)

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  3. Estou com um ano a menos que tu e a minha conta ainda é muito pequena e planos de futuro parece-me que ainda estão longe...

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  4. E isso é o mais importante! Fico mesmo feliz ao ler este post *-*

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  5. E isso é o mais importante. É sermos nós mesmo. Eu sou mais velha e nem casada, nem em vias de. Tenho um emprego estável, o meu carrinho e vivo em casa dos papás! E depois? Estou mais do que bem :)

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  6. Ser feliz é o que interessa :) As pessoas gostam muito de opinar sobre a vida alheia, o importante é uma pessoa sentir-se satisfeita consigo própria e alcançar os seus objetivos. O resto é conversa

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  7. Opá essas regras da sociedade, não compreendo! nao ligues, que ninguem mais quer saber

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    Beijinho
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  8. e a felicidade é o mais importante do mundo! Do nosso mundo! O que os outros pensam é deles, não nos interessa

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  9. Aqui 33, solteira, casa própria (porque perdi os meus pais), emprego estavel mas igualmente detestavel, carro velho (e que não dê chatices)...
    Essas merdas que te dizem?! Ignora!!!
    Eu fico é abismada quando alguém da minha idade me vem com essas conversas! Em que mundo é que vivem???

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  10. És feliz? Pelo que vi sim e só isso é que importa! Esqueçamos a sociedade e o mundo.

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  11. (momento em que me levanto e bato uma salva de palmas)

    Que se lixe esta sociedade que acha que nos pode dizer o que ser, fazer ou sonhar!!

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  12. Gostei muito do teu post. Eu estava longe disso tudo aos 27... e eis que aos 28 as coisas foram surgindo aos poucos...! Não sou mais feliz agora, aos 28 do que fui aos 27. Talvez mais realizada...Mas igualmente feliz!
    Que sejas feliz é o mais importante... e com ou sem filhos, casamento, carro, casa e afins... que sejas realmente feliz por seres mais e não por teres mais, tal como disseste!
    Beijinhos,
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  13. E ser feliz é, sem dúvida, a melhor coisa do mundo :)

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  14. A minha idade é muito diferente da tua tua, tenho 45 anos. Tenho um casamento de 21 anos, dois filhos, dois carros e um emprego "estável". Acho que temos em comum o pouco dinheiro na conta eheh. Não, temos mais em comum... sou muito feliz. Também estou mais serena, mais tolerante, mais calma. Mas isso não veio com o casamento nem com os filhos. Veio de mim mesma. Porque decidi que tinha de ser assim. Por isso não te preocupes com os chavões da sociedade. Eu sou feliz com a vida que tenho e tu és feliz com a vida que tens. Não tens de fazer só porque os outros acham que sim. Eu não fiz. Toda a minha vida foi decidida por mim, com muitos trambolhões mas com poder de decisão. E isso é tão importante. Porque nos tempos que correm é difícil encontrar pessoas felizes e realizadas. Ainda bem que somos duas :).
    Beijinhos
    Marta
    http://pitinhosdamarta.blogspot.pt/

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  15. Obrigada, obrigada por teres escrito isto que também me serve como uma luva. Daqui a 3 dias também terei 28, tenho 2 filhos, tive um marido, e durante muito tempo não tive sonhos nem fui feliz. As pessoas esperaram demasiado de mim, e dei por mim a satisfazer as vontades delas e a negligenciar as minhas... tão burra que fui.
    Hoje estou em paz, estou a rumar à minha felicidade, e não me importo se os outros vão aprovar, cansei de viver a vida segundo os outros, hoje vivo a minha vida.

    beijinho
    www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt

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