24 agosto, 2016

Leituras | Até que o Amor me Mate

[Fotografia da minha autoria]

Mal soube que este livro tinha sido publicado, tratei logo de o comprar. Primeiro, porque adoro a escrita da Maria João Lopo de Carvalho, depois porque era um livro sobre os amores do nosso poeta maior: Luís Vaz de Camões. E só posso dizer que o livro não desiludiu.

Para escrever este livro, a autora percorreu o caminho marítimo que Luís de Camões fez quando foi chamado a integrar uma das comitivas que partia para a Índia, o que lhe permitiu conhecer os vários portos e as várias terras onde Camões esteve e onde viveu alguns dos seus amores. Ao longo do livro, a autora dá voz às sete mulheres que marcaram a vida de Camões: Ana de Sá, sua madrasta, Violante de Andrade, Catarina de Ataíde, Francisca de Aragão, Inês de Sousa, Dinamene e Bárbara. Ana de Sá foi quem criou Luís Vaz como filho. Violante de Andrade era uma condessa poderosa, que foi infiel ao marido a vida toda e que fez de tudo para que Camões fosse enviado para longe do reino para, assim, não se envolver com mais nenhuma mulher. Francisca de Aragão era uma dama fútil e caprichosa, que só percebeu que amava verdadeiramente o poeta quando foi obrigada a casar com outro homem. Catarina de Ataíde foi, talvez, o amor mais puro de Camões, a Natércia dos seus poemas, aquela que esperou por ele e que, de certa forma, dá nome ao livro, pois diz-se que morreu de amor e saudade. Inês de Sousa é uma personagem colectiva, que representa todas as órfãs do reino que eram enviadas para a Índia para casarem com os homens que lá estavam; o seu amor por Luís Vaz é platónico. Dinamene era uma jovem de Macau que conheceu Camões aquando da sua estadia por lá e que fugiu com ele para a Índia, mas que acabou por morrer no naufrágio [o mesmo em que Luís de Camões consegue salvar os Lusíadas]. Bárbara era uma escrava negra que Camões conheceu na Ilha dos Amores [retratada nos Lusíadas] e que abandonou para regressar a Portugal. Destas sete mulheres, apenas Catarina, Dinamene e Bárbara permanecem vivas na poesia de Camões, sendo vários os poemas em que lhes é feita referência.

Este livro é, de facto, extraordinário. É um livro de amor, do poeta dos amores. Faz também várias referências aos Lusíadas, cujo nome inicial era As Lusíadas, mas que a inquisição não permitiu pois As era feminino. Através deste livro, podemos também descobrir um pouco mais da vida de Camões, da forma hostil como era tratado, vivendo e morrendo praticamente na miséria e sem qualquer reconhecimento digno da sua grandeza e do seu talento. Quem diria que, mais de quinhentos anos depois, ele continuaria a ser o nosso poeta maior e os seus Lusíadas, assim como toda a sua obra, continuariam a ser o nosso exlibris e um motivo de orgulho imenso. 

Aceitem a minha sugestão e leiam este livro. É tão bonito. E fala de amor, esse 'mal que mata e não se vê'.

4 comentários:

  1. Fiquei tão curiosa! *0* Tenho mesmo de o ler! Obrigada pela sugestão! :D

    A Vida de Lyne

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  2. já aprendi com este post! Nunca tinha tido conhecimento de «As Lusíadas» ser o título original... Nesse caso, acho que após o fim da inquisição deveria ter voltado ao nome original!

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  3. Obrigada pelo comentário <3
    Não costumo ler este tipo de livros, mas já tinha ouvido falar neste e fiquei super curiosa. Depois de ler este post, acho mesmo que tenho que o ir comprar :)

    Há giveaway a decorrer no blog, participa! ♥
    Beijinhos, xx
    My Little Corner

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  4. Tens aqui muito boas sugestões de leitura, sem dúvida :)

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