18 janeiro, 2016

"É para ontem, se faz favor!"


Vivemos num tempo acelerado demais. Queremos tudo com pressa, tudo para ontem se puder ser. E mesmo se não puder. Vivemos num ritmo incompatível com o nosso ritmo interior. Deixámos de respeitar o tempo das coisas. E isso vê-se em coisas tão simples como na alimentação. Os produtos que comemos todos os dias crescem à pressão, à força de fertilizantes e toda uma panóplia de químicos que fazem mais mal do que bem. E vê-se também nas crianças, que quase que têm de nascer ensinadas, caso contrário, logo lhes inventam uma doença qualquer. As crianças de hoje em dia não têm tempo sequer para ser crianças. E isso reflecte-se depois, na idade adulta, o que pode revelar-se muito perigoso.

Aprendemos a viver à pressa, sem olhar para o lado, sem aproveitar as pequenas coisas. Vivi assim durante muitos anos, impaciente, intolerante, sempre com pressa, sempre a correr de um lado para o outro. Hoje percebo que essa pressa toda de nada valeu. Antes pelo contrário, roubou-me momentos, acelerou-me decisões. Vivi por impulso, sempre na pressa de chegar a algum lugar. O certo é que não cheguei a lugar algum e vi-me obrigada a recomeçar. E ainda bem que assim foi. Porque hoje, vivo de forma mais serena, com menos pressa, aproveitando as pequenas coisas, os pequenos momentos. Estou a aprender a respeitar o tempo das coisas. Porque há um tempo para tudo. Um tempo para chorar. E um tempo para sorrir. Um tempo de tristeza. E um tempo de alegria. Um tempo para lamber as feridas. E um tempo para saborear as vitórias. A minha avó costumava dizer "cada coisa a seu tempo". Hoje compreendo bem, tão bem, aquilo que ela queria dizer.

5 comentários:

  1. sempre ouvi dizer que a pressa é inimiga da perfeição ;)

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  2. Tens tanta razão! Um sinal de que a pressa já é tão natural ao nosso modo de vida é acharmos que o stress é uma coisa normal a que não podemos escapar.

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  3. Tens toda a razão! Em Lisboa tento manter-me calma psicologicamente para não deixar o stress que me rodeia me contaminar, é essencial mantermo-nos calmos...

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  4. As avós costumam ter muita razão e eu não podia concordar mais contigo. É como se a vida nos impusesse prazos para atingir determinadas etapas. Como se não pudéssemos ter o nosso próprio ritmo. E é verdade, isso sente-se desde muito cedo...
    nem mais nem menos

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