05 novembro, 2015

Desabafo


Gostava de ter feito um ano sabático. Percebo agora que teria sido essencial naquela altura. Soubesse eu o que sei hoje e teria trocado os presentes de 18 anos e o dinheiro gasto no primeiro ano da faculdade por esse ano sabático.

A verdade é que fiz tudo com muita pressa. Mesmo sem ter certezas. Mesmo sem saber o que queria da vida. Atirei-me de cabeça e olhos vendados, na ilusão de que assim é que deveria ser. Que estúpida que fui. Tanta pressa para quê? Para ter escolhido o caminho errado? Para agora me sentir triste e frustrada porque tenho um diploma às costas e anos de experiência que de nada me valem porque, simplesmente, não gosto da profissão que escolhi ao ponto de nem sequer conseguir imaginar voltar a exercê-la. Tanta pressa para quê? Para agora estar em completo desequilíbrio emocional? De facto, valeu muito a pena ter tanta pressa, oh se valeu.

Por tudo isso, deixo-vos uma sugestão em tom de conselho e aviso: às vezes, mais vale perder um ano na vida (que, no fundo, nem é perder) e pensar bem naquilo que se quer fazer, do que ter pressa de chegar a um sítio que não é nosso e que não nos faz bem. Desculpem o desabafo.

11 comentários:

  1. Sempre pensei assim no que diz respeito à faculdade.

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  2. Percebo o que dizes! Por um lado não me arrependo de não ter tirado o mestrado logo a seguir porque assim ainda tenho tempo para pensar se o quero tirar e no quê...

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  3. Mas eu só posso concordar com isso. Só posso concordar e ainda sublinhar! Força!

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  4. Eu neste momento estou nesse ano sabático, preciso de definir bem o que realmente quero para mim,
    apesar de algumas pessoas não estarem de acordo comigo, prefiro que assim o seja.
    Beijinho*

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  5. Acho que há um medo gigante de "ficar para trás" quando se tem 17/18 anos e está tudo a pensar no que se quer seguir na faculdade. E depois há casos em que as coisas não correm tão bem. Espero que encontres o teu caminho :)

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  6. posso rever-me neste texto... com a diferença que nunca cheguei a trabalhar na área, nem quero. Gostava de trabalhar sim numa área associada ao meu curso, mas na principal saída do curso, NÃO, obrigada!

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  7. Oh... acho que o teu conselho é muito acertado...
    Pena que estejas infeliz :(
    Somos muito pressionados a avançar. Essas pausas são muitas vezes vistas como caprichos, falhas, fraquezas... mas condicionar uma vida com uma escolha é demasiado sério.
    Espero que consigas dar a volta por cima.

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  8. Primeiro que tudo: não há nada a desculpar.
    Depois disso, aqui disseste uma grande verdade. Mas eu sinto que muitas vezes não paramos um ano a pensar no que queremos da vida porque existe uma enorme pressão por parte da sociedade e daqueles que nos dizem algo para que não paremos, não desperdicemos tempo, como se parar fosse admitir que não somos grande coisa, que não temos valor nem nada a acrescentar ao mundo. E depois deixam-nos a sentir culpados, com uma culpa que nem devia existir mas que nos é imposta

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  9. Tens tanta razão... por vezes revejo-me nessa mesma descrição :|

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  10. Eu bem que tentei, disse ao meu pai que queria tirar um ano para viajar e saber exactamente o que queria. Nem lhe pedi dinheiro. A reacção dele foi mais: "Ou entras para a faculdade ou levas um tiro". Tenta tirar uns minutinhos do dia só para ti, para estares calma e pode ser que te vás apercebendo daquilo que te faz feliz. Bjs

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  11. Quase me encontrei na mesma situação: Quando acabei o secundário, não fazia ideia de que curso queria tirar. Acabei por escolher pela elevada taxa de empregabilidade (na altura, porque entretanto mudou tudo) e detestei. Felizmente mudei para outro curso quase de imediato, não perdi nenhum ano e o curso que tirei foi uma paixão imensa. Não vais a tempo de fazer o que querias ter feito na altura, mas ainda podes mudar as coisas com um bocadinho de esforço. Boa sorte e um beijinho.

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