30 março, 2017

Aprender A Ser Feliz



Quando nos acontece algo de menos bons, sentimos que a nossa energia desaparece e deixamos de ter vontade para fazer o que quer que seja. Não deveria ser assim, mas a verdade é que é o que acontece a muitos de nós. Falando por mim, sempre oscilei entre estados de euforia e tristeza, energia e cansaço, numa quase bipolaridade. Sempre me apeguei em demasia - a pessoas, momentos e lugares - o que fazia com que, quando tudo corria bem eu ficava no auge, enérgica, alegre, sem conseguir dormir, dando tudo aquilo que tinha e não tinha, esbanjando o meu coração ao desbarato. O pior era quando a pessoa ia embora, o momento terminava ou tinha de mudar de lugar. Aí começava a tempestade, os dias cinzentos, a falta de vontade para sair da cama, o não vislumbrar mais além, tudo adornado com um certo dramatismo. Tudo isto vai de encontro àquilo sobre o qual vos quero falar hoje: aprender a ser feliz.

Na maioria das vezes, acreditamos que a nossa felicidade, melhor dizendo, a razão da nossa felicidade é exterior a nós. Acreditamos que só seremos verdadeiramente felizes se determinada pessoa estiver connosco. Acreditamos que só seremos verdadeiramente felizes se conseguirmos comprar um carro novo. Acreditamos que só seremos verdadeiramente felizes quando terminarmos os quinhentos cursos que andamos a fazer. Acreditamos que só seremos verdadeiramente felizes quando alguém nos disser que somos maravilhosas, estupendas e essenciais neste planeta. E o tempo vai passando e nós sempre a adiar a felicidade à espera de que algo aconteça ou de que alguém a traga num cestinho de vime.

A verdade é que a felicidade está dentro de nós. E se não conseguirmos encontrar e desenvolver essa felicidade, nunca vamos conseguir ser verdadeiramente felizes, mesmo que consigamos ter a tal pessoa ao nosso lado, ou o tal carro, ou os quinhentos cursos completos, ou o título de miss mundo. A felicidade vem de dentro para fora. Se eu sei como é que isso se faz? Ainda não. Estou a aprender. Estou a aprender a ser feliz, um bocadinho todos os dias.

Sentir-me grata é o primeiro passo. Todas as noites, antes da minha meditação, faço uma lista mental das coisas pelas quais me sinto grata. E não são coisas megalómanas, são coisas tão simples como ter estado um dia de sol, ou ter percorrido um caminho diferente até ao trabalho, ou ter comprado um chocolate, ou ter recebido um sorriso e um abraço dos meus utentes. E é nestas pequenas coisas que reside muito daquilo que me faz sentir grata e feliz.

Depois tenho-me permitido a fazer coisas de que gosto e a aproveitar melhor o tempo que tenho livre. Tenho ido até ao Palácio de Cristal [o meu lugar mágico] sempre que posso. Ontem fui ao Jardim Botânico [há imenso tempo que não ia lá]. Vou tomar chá a sítios novos. Experimento receitas. Releio livros antigos, com outro olhar e outro entendimento. Voltei a escrever com mais assiduidade aqui. Sento-me ao sol e deixo-me ficar assim, sem pensar em nada. No fundo, tenho feito coisas muito simples e banais, mas de uma forma mais presente e consciente, aproveitando cada momento e sentindo-me feliz por poder estar a fazer aquilo.

Neste processo de aprendizagem da felicidade, estou a reaprender a amar-me mais, ainda mais do que antes. Depois do rombo que a última desilusão de causou, quero fortalecer e solidificar o meu amor-próprio. Não quero voltar a pôr-me em causa. Não quero voltar a acreditar que a minha felicidade depende de terceiros. Porque não depende. A minha felicidade depende de mim. A nossa felicidade depende de nós. E essa felicidade não pressupõe que não tenhamos dias menos bons, porque todos os temos. A diferença é que, quando somos felizes e serenos por dentro, nesses dias menos bons, continuaremos a estar em primeiro lugar, o nosso amor-próprio e a nossa essência permanecerão intactos.

Aprender a ser feliz dá trabalho. É um caminho sem fim, com alguns obstáculos, mas com alegrias e surpresas muito boas. Eu estou a aprender a ser feliz, na minha simplicidade e na minha serenidade, pondo amor em tudo aquilo que faço.

[Não podia deixar de agradecer as palavras de carinho e apoio que me deixaram na última publicação! Obrigada a todas, de coração!]


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1 comentário:

  1. Também gosto muito do Palácio de Cristal e passei lá muitas tardes a estudar e a apanhar sol nos tempos da faculdade. Já não passo por lá desde que me mudei para a Suécia mas quero voltar :)
    E quanto à mensagem do posto, concordo inteiramente. É preciso desenvolver uma felicidade interior, ou encontrá-la. É muito difícil e não vou mentir e dizer que já cheguei a esse ponto mas acredito que seja a solução. Beijinho

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