04 setembro, 2016

Leituras | O Pintassilgo

[Fotografia da minha autoria]

Nem sei bem por onde começar este meu texto de opinião sobre este livro. Para princípio de conversa, posso dizer que é dos melhores livros que já li nos últimos tempos, se não mesmo um dos melhores que já li em toda a minha vida [e já li mesmo muitos livros]. Não é um livro fácil de ler, principalmente a primeira parte. Tive de fazer uma pausa de uma semana pois entrei num turbilhão de emoções gigante [o facto de estar em crise e cheia de dores fez com que andasse hipersensível]. Isto porque o livro começa com Theo, a personagem central do livro, que assume também o papel de narrador, a perder a mãe num atentado a um museu. E toda essa dinâmica da perda e do não acreditar nessa perda, e a sensação de desamparo que consegue passar cá para fora, fez com que eu tivesse de fazer uma pausa no livro para me recompor. Mas passado esse primeiro choque emocional, li o restante livro em poucos dias [e ele não é tão pequeno quanto isso], pois é completamente viciante. Basicamente, Theo vai relatando a sua história a partir do momento em que perdeu a mãe e em que um desconhecido lhe pede para guardar uma obra de arte valiosíssima [O Pintassilgo de Fabritius]. A partir desse momento, a vida de Theo passa a girar em torno desse quadro e desse segredo, que ele esconde de tudo e todos até certo dia [e mais não vou contar, têm de ler!].

O que me fez gostar tanto deste livro é a reflexão que ele nos obriga a fazer. Quando perdemos alguém, quando a vida nos puxa o tapete e tudo o que, até então, era certo e sólido desaparece, entramos numa espiral de emoções que nos atira para o abismo. E, quando estamos lá em baixo, no abismo e na solidão, quando tudo é escuro e frio, agarramo-nos a qualquer coisa, o que for, como se isso nos pudesse salvar. Quando se perde a razão de viver, passamos a viver em função de escapes e de refúgios que nos dão prazeres momentâneos mas que, no fundo, não acabam com a dor que sentimos.  Foi o que este livro me fez entender, de uma forma fria e crua. O limite entre o bem e o mal, o correcto e o incorrecto, é mais ténue do que aquilo que imaginamos. E nenhum de nós sabe daquilo que é capaz até ao dia em que o desespero e a dor toma conta de tudo o que em nós existe. O ser humano não tem assim tantos limites quanto isso quando se trata de tentar sobreviver [sobreviver às perdas, aos desgostos, à dor, a uma vida vazia e sem sentido].

Se olharmos por este prisma reflexivo, este livro pode ensinar-nos muitas coisas. Se olharmos apenas como um livro de ficção, então a sua leitura torna-se mais fácil. Assim como assim, o certo é que este livro é viciante e não conseguimos parar de ler até descobrir o que acontece a seguir. É daqueles livros que nos faz passar uma noite em claro! Por isso, aconselho-vos vivamente a sua leitura, tenho a certeza de que não se vão arrepender.

4 comentários:

  1. ainda não tinha conhecimento deste livro!

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  2. Já ouvi várias pessoas falarem maravilhas desse livro, mas a minha promessa de não comprar mais livros enquanto não ler todos os que tenho em stand-by faz com que esse esteja na waiting list. Mas, sem dúvida, que um dia irei ler!

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  3. Já o queria ler há bastante tempo, mas a tua review deixou-me ainda mais intrigada! o:

    A Vida de Lyne

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