29 agosto, 2016

Fome Emocional | Quando a comida é um refúgio

[Fotografia da minha autoria]

Há cerca de um ano e meio, mais ou menos, passei por uma fase complicada. Na verdade, foi um acumular de situações, desde crises de ansiedade até aos sintomas da fibromialgia. Aliás, foi nessa altura que fui diagnosticada, o que também não ajudou. Então, o que aconteceu foi que comecei a refugiar-me na comida. Quando me sentia mais ansiosa, comia. Quando sentia que estava prestes a entrar em pânico outra vez, comia. Quando não conseguia controlar as coisas à minha volta, comia. Quando tinha dores e me sentia cansada, comia. Doces, para ser mais concreta [bolachas, chocolates, bolos, todas essas coisas açucaradas]. Os doces passaram a ser uma espécie de aliados, um refúgio onde podia esconder-me e esquecer que havia um mundo chato lá fora. Cheguei a comer pacotes inteiros de bolachas de uma só vez, sem qualquer tipo de remorso no final. E andei assim uma data de tempo.

Quando não estamos bem emocionalmente, é muito fácil agarrarmo-nos àquilo que está mais à mão. É uma forma de esquecer o que nos está a magoar por dentro, esquecer os problemas para os quais pensamos não ter solução. No fundo, é uma forma de fuga, uma fuga de nós próprios e da dor que nos dilacera no momento. E é também uma falsa compensação para os vazios que temos cá dentro. Não é uma situação fácil de lidar. Tudo aquilo que é em exagero faz mal. Tudo aquilo que sai do padrão de equilíbrio acaba por ter repercussões na nossa saúde, física e emocional.

Os doces foram o meu refúgio durante algum tempo. Foram uma espécie de 'melhores amigos' silenciosos que apenas acalmavam as minhas dores e não opinavam sobre a minha conduta. Quando comia, sentia-me em paz, uma falsa paz que logo, logo dava lugar ao inferno que estava cá dentro, o que me fazia voltar a comer, e a sentir essa falsa paz. Era uma círculo vicioso que fez com que a minha relação com a comida fosse tudo menos saudável e equilibrada.

Felizmente, consegui superar essa fase menos boa. Com ajuda, com um longo caminho de auto-conhecimento e de redescoberta. Quando descobrimos aquilo que nos perturba, quando encaramos a dor de frente, quando nos fortalecemos por dentro e acreditamos em nós, deixamos de precisar de 'refúgios'. Hoje em dia estou bem, mais equilibrada, mais serena. Se ainda tenho uma vontade avassaladora de comer quilos de bolachas quando me sinto mais ansiosa ou quando algo corre menos bem? Sem dúvida. Mas já consigo controlar. Continuo a comer o meu docinho de vez em quando, mas de uma forma saudável, porque me apetece, porque me dá prazer e não porque preciso de algo que compense os vazios. É essa a grande diferença e a minha grande conquista!

4 comentários:

  1. Grande conquista! E é tão bom falares disto. Quantos de nós não fazemos o mesmo, de forma mais ou menos grave, com a comida ou outra coisa qualquer...e o passo mais importante é mesmo reconhecer o problema!

    Jiji

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  2. infelizmente, refugio-me muito na comida :/

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  3. Fico bastante feliz por teres conseguido enfrentar e controlar os problemas relacionados com a comida! Foi uma grande de uma conquista!

    A Vida de Lyne

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  4. Boa! És sem dúvida uma mulher cheia de força e garra! Parabéns**

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